Detalhe de uma lira que fazia parte do enxoval.
Havia harpas, tabuleiros de jogos com mosaicos de madrepérola e lápis-lazúli. Instrumentos musicais, que possuíam também revestimentos de mosaico em forma de friso, de ouro, madrepérola e lápis-lazúli, com desenhos de palmeiras e triângulos.[1] Além destes, muitos outros objetos luxuosos como joias e artefatos em geral, faziam parte do enxoval da rainha Puabi, encontrado nas escavações do início do séc. XX, na região da antiga Suméria.
Os sumérios habitaram a região próxima dos rios Tigre e Eufrates, a antiga Mesopotâmia, hoje Iraque, por volta do 4º milênio A.C. Ou seja, há aproximadamente seis mil anos! Foi uma das primeiras civilizações que se tem notícia. Prósperos, criaram uma admirável cultura. Construíram barragens, sistemas de irrigação, diques e complexos sistemas de controle da água. Desenvolveram também o sistema de escrita chamada cuneiforme, realizada em tábuas de argila, que foi a 1ª da história.
A rainha Puabi provavelmente reinou em torno de 2.500 A.C. Acredita-se que seu túmulo continha os mais antigos exemplares de joias feitas a ouro, prata e pedras semipreciosas. Seus cosméticos – tintas vermelhas para os lábios, assim como verdes, brancas e pretas, presumivelmente para os olhos – foram armazenadas em grandes conchas, ou em imitações de conchas feitas de ouro e prata. Apesar do ostensivo luxo próprio das camadas ricas em todas as épocas, pelo menos atualmente ninguém leva suas riquezas para o túmulo!
Muitas informações de épocas remotas foram reveladas por mosaicos preservados. Estes conhecimentos poderiam ser vistos apenas como curiosidades de outra época. Entretanto, conhecer o desenvolvimento de povos antigos e saber como solucionavam sérios e complexos problemas, ligados à saúde, produção de alimentos e/ou construção de cidades, servem para relativizar o tão enaltecido progresso que a nossa civilização alcançou. Avançamos muito tecnicamente, sem dúvida, mas não conseguimos resolver sérios problemas sociais. Muitos desses povos surgiram, cresceram e depois desapareceram. Será que isto nos diz algo? Será que estamos fadados a também desaparecer?
[1] O Mosaico – A Técnica do Mosaico Explicadas com Rigor e Clareza. Joaquim Chavarria, pág. 10. Editorial Estampa. 1998.